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A pesquisa de auto-anticorpos contra antígenos nucleares, nucleolares, do aparelho mitótico e citoplasmáticos é realizada em duas etapas: uma etapa de triagem, realizada por imunofluorescência indireta utilizando como substratos células HEp-2 e, se o teste de triagem for positivo, uma etapa confirmatória, com a pesquisa dos auto-anticorpos específicos, orientada pelo padrão de fluorescência celular e pela hipótese diagnóstica da doença em questão. Existem várias doenças associadas a FAN-HEp-2 positivo. Em algumas doenças, um teste de FAN positivo é considerado muito útil para o diagnóstico (lúpus eritematoso sistêmico, esclerodermia), em outras é considerado útil para o diagnóstico (síndrome de Sjögren, polimiosite), condição fundamental do critério diagnóstico (hepatite auto-imune, doença mistas do tecido conjuntivo) ou é um fator prognóstico (artrite reumatóide juvenil, fenômeno de Raynaud). Em muitas doenças um FAN positivo não tem utilidade diagnóstica (artrite reumatóide, fibromialgia, doenças da tireóide).
Resultados positivos de FAN-HEp-2 no título de 1:80 podem ser encontrados em até 6 -13% da população normal e numa proporção ainda maior de parentes de primeiro grau de pacientes com doença auto-imune. Reações positivas podem ocorrer durante uso de vários medicamentos (hidralazina, carbamazepina, hidantoína, procainamida, isoniazida, metildopa) e em pacientes com neoplasias. Elevações transitórias do FAN podem ocorrer em pacientes com infecções virais. Cerca de 99% dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico não tratado têm FAN positivo.
Reações negativas podem ocorrer na presença de anticorpos contra os antígenos SSA/Ro, Jo-1, ribossomal P e durante o uso de corticóide ou outra terapia imunossupressora. Um teste positivo para FAN-HEp-2 isolado não é diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico (LES), sendo necessário observar os demais critérios diagnósticos. Não existe relação entre os títulos de FAN e a atividade da doença Deve-se ressaltar a possibilidade de variações dos títulos do FAN-HEp-2 quando realizado em laboratórios ou dias diferentes. Pelo fato de ser um teste com alta sensibilidade, baixa especificidade e baixo valor preditivo positivo, os resultados positivos devem ser analisados de acordo com o contexto clínico do paciente, o título e o padrão de fluorescência celular.
O 3° Consenso Brasileiro para a Pesquisa de Auto-anticorpos (FAN HEp-2) fornece orientações importantes quanto à interpretação dos padrões, indicando os auto-anticorpos associados e as principais relevâncias clínicas de cada padrão. São definidos cinco grupos de padrão, os quais são caracterizados: 1-pela observação da célula em intérfase e definição da região celular fluorescente (núcleo, nucléolo, citoplasma, aparelho mitótico ou misto), 2-classificação da placa cromossômica em positiva ou negativa, e 3- caracterização do tipo de fluorescência (análise do aspecto da fluorescência associado ao local que esta ocupa na célula). A soma de todas essas informações define o padrão, e forma a base para a construção dos laudos descritivos e das árvores de classificação de cada padrão.
Método
Imunofluorescência indireta – Substrato: células HEp2
Obs.: A pesquisa de anticorpos em líquidos corporais deve ser realizada em paralelo com o soro, devido a possibilidade de contaminação do material durante a punção.
Condição
0,2mL de soro – líquor – líquido sinovial – líquido pleural – líquido ascítico – líquido pericárdico.
Jejum Obrigatório. 8h.