Filariose, pesquisa do antígeno
Comentários
No Brasil a filariose é causada pela Wuchereria bancrofti, tendo como vetor o mosquito Culex. A evolução a quadros crônicos pode trazer graves seqüelas: hidrocele, elefantíase de membros, mamas e órgãos genitais. A detecção do antígeno da W. bancrofti por método imunocromatográfico apresenta sensibilidade de 100%, especificidade de 96,4%, com valor preditivo negativo de 100% e valor preditivo positivo de 71%. Ao contrário da pesquisa de microfilárias, a amostra para pesquisa do antígeno da W. bancrofti pode ser colhida a qualquer hora do dia. A pesquisa do antígeno da W. bancrofti é superior à determinação de anticorpos por imunofluorescência indireta, pois esta é passível de apresentar reações cruzadas com outras parasitoses.
Método
Imunocromatografia
Condição
0,3mL de soro.
Jejum Obrigatório 8h.
Filária, pesquisa
Comentários
A pesquisa em sangue periférico é indicada para o diagnóstico da filariose. A filariose por W. bancrofti é causada por um nematodo que vive nos vasos sangüíneos das pessoas infectadas, apresentando diversas manifestações clínicas, evoluindo nos casos crônicos com elefantíase de membros, mamas e orgãos genitais. Os sintomas iniciam-se um mês após a infecção. As microfilárias aparecem de 6 a 12 meses após a inoculação, tendo periodicidade para circular à noite, entre 22 e 2h e podem persistir por 5 a 10 anos. A pesquisa de microfilárias é dependente da quantidade de sangue utilizado. Microfilárias podem estar ausentes do soro nos estágios iniciais e tardios da doença. O teste que utiliza anticorpo monoclonal específico para a Wuchereria bancrofti substitui a pesquisa de microfilárias com melhor sensibilidade, podendo ser usadas amostras coletadas em qualquer horário.
Veja também Filariose.
Método
Esfregaço em Lâmina – Coloração de Giemsa
Condição
1,0mL de sangue total (EDTA) + 2 esfregaços sangüíneos.
Pesquisa de microfilárias: colher entre 22:00 e 04:00 horas.
Fibrinogênio
Comentários
O fibrinogênio é uma glicoproteína dimérica formada por dois monômeros simétricos e idênticos, sintetizada no fígado. Pela ação da trombina a molécula de fibrinogênio é convertida em monômeros de fibrina, que sofre polimerização formando a malha do coágulo. A avaliação dos níveis de fibrinogênio é realizada como parte da investigação de pacientes com sangramento inexplicado, tempo de protrombina e/ou tempo de tromboplastina parcial ativada prolongados, ou na avaliação da coagulação intravascular disseminada (CID). As deficiências de fibrinogênio podem ser hereditárias ou adquiridas. As deficiências hereditárias resultam em níveis de fibrinogênio anormais (disfibrinogenemia), reduzidos (hipofibrinogenemia) ou ausentes (afibrinogenemia). As deficiências adquiridas incluem as doenças hepáticas e as coagulopatias de consumo, como a CID. Heparina produz valores falsamente diminuídos. Níveis menores que 100 mg/dL podem estar associados com sangramentos. Valores estão elevados em estados inflamatórios agudos, gravidez, uso de contraceptivos orais, estrógenos e andrógenos. Níveis elevados de fibrinogênio também são considerados preditivos de trombose arterial.
Método
Coagulométrico
Condição
1,0mL de plasma (citrato).
Jejum Desejável 4h.
Ferro, cinética
Comentários
O teor de transferrina é tradicionalmente mensurado como a capacidade de combinação da transferrina. Normalmente, 1/3 dos sítios de ligação da transferrina estão ocupados pelo ferro. Assim, a transferrina tem uma considerável capacidade latente de ligação ao ferro, a chamada capacidade de combinação latente ou livre do ferro. A quantidade máxima de ferro que pode se ligar à transferrina é a capacidade total de combinação do ferro (CTCF). Encontra-se elevada na anemia ferropriva, no uso de anticoncepcionais e gravidez. Valores normais ou baixos são encontrados nas anemias de doenças crônicas, sideroblásticas, hemolíticas, hemocromatose, desnutrição, estados inflamatórios e neoplasias. A CTCF aumenta ao mesmo tempo que a queda do ferro sérico na anemia ferropriva, podendo, às vezes, precedê-lo. Cerca de 30% a 40% dos pacientes com anemia ferropriva crônica têm CTCF normal. A ferritina é mais sensível que a capacidade de combinação do ferro para avaliação da falta ou excesso de ferro. Atualmente, imunoensaios podem determinar diretamente a transferrina, havendo boa correlação entre os níveis de transferrina e a CTCF.
Veja também Índice de saturação da transferrina, Transferrina, Ferritina e Ferro sérico.
Condição
0,8mL de soro (sem hemólise).
Colher preferencialmente pela manhã devido à variação do ferro.
FERRO
Comentários
A determinação do ferro sérico (FS) é usada no diagnóstico diferencial de anemias, hemocromatose e hemossiderose. Níveis baixos ocorrem na anemia ferropriva, glomerulopatias, menstruação e fases iniciais de remissão da anemia perniciosa. Variações circadianas com valores mais baixos de FS pela tarde são descritas, sendo que alterações de até 30% em dias subseqüentes podem ocorrer. Pré-menstrual pode elevar níveis em 10% a 30%, que caem na menstruação. Na gravidez há possibilidade de elevação inicial do FS devido à progesterona e queda do FS por aumento da sua necessidade. Uso de anticoncepcional oral pode elevar o FS acima de 200 mcg/dl. Níveis aumentados são encontrados na hemossiderose, hemocromatose, talassemias e na hemólise da amostra.
Veja também Índice de saturação da transferrina, Transferrina, Ferritina e Capacidade de combinação do ferro.
Método
Ferrozine
Condição
0,8mL de soro (sem hemólise).
Colher preferencialmente pela manhã devido à variação do ferro.
ÍNDICE DE SATURAÇÃO DA TRANSFERRINA
Comentários
O índice de saturação da transferrina (IST) é a razão ferro sérico/capacidade total de combinação do ferro. A associação de ferro sérico e IST abaixo dos valores normais é o dado mais consistente de anemia ferropriva. A transferrina é a proteína que transporta o ferro no plasma. Em condições normais, 20% a 50% dos sítios de ligação do ferro na transferrina são ocupados. Valores elevados ocorrem na hemocromatose, talassemia, hepatites, gravidez, ingestão de ferro e uso de progesterona. Na reposição de ferro, valores superiores a 100% podem ser encontrados. Níveis baixos podem estar presentes na anemia ferropriva, desnutrição e na anemia das doenças crônicas.
Veja também Ferritina, Capacidade de combinação e Ferro sérico e Transferrina.
Método
Cálculo baseado no Ferro sérico e capacidade total de ligação do ferro
Condição
0,8mL de soro.
Colher preferencialmente pela manhã devido à variação do ferro.
Fator reumatóide
Comentários
O fator reumatóide (FR) é um auto-anticorpo da classe IgM, IgG ou IgA, dirigido contra o fragmento cristalizável da molécula de IgG. A nefelometria é um dos métodos atualmente utilizados para a pesquisa do FR, apresentando ótima sensibilidade, precisão e reprodutibilidade. Ela detecta predominantemente FR da classe IgM. É classicamente utilizado no diagnóstico da artrite reumatóide (AR), sendo positivo em 80% dos pacientes com doença estabelecida. Entretanto, algumas considerações devem ser realizadas na interpretação de seu resultado: FR é positivo em 5% da população saudável; positivo em 15 a 35% no lúpus, 75 a 95% na síndrome de Sjögren, 40 a 100% na crioglobulinemia mista e 5 a 10% na polimiosite; está presente em 10% a 40% dos portadores de infecções crônicas (sífilis, lepra, brucelose, tuberculose, malária, esquistossomose, tripanossomíase, hepatite viral, e endocardite). Níveis de FR acima de 50 U/mL são mais específicos para AR. É positivo em 50-60% dos casos de AR nos primeiros 6 meses de doença, onde sua associação com o anti-CCP pode ser útil. O FR apresenta valor prognóstico importante na AR, sendo um marcador de doença articular mais agressiva quando comparado aos pacientes com FR negativo. O teste de Waaler-Rose que consiste da aglutinação de hemácias de carneiro foi por anos o método utilizado para pesquisa do fator reumatóide (FR). Entretanto, apresenta desvantagens devido à subjetividade de sua leitura e baixa reprodutibilidade, sendo substituído por métodos mais modernos para detecção do FR, como a nefelometria.
Veja também CCP, anti.
NEFELOMETRIA – SORO
Método
Nefelometria
Condição
0,5mL de soro.
Jejum Obrigatório 8h.
WAALER-ROSE – SORO
Método
Aglutinação
Condição
0,3mL de soro.
Jejum Obrigatório 8h.
AGLUTINAÇÃO – LÍQUIDO SINOVIAL
Método
Aglutinação
Condição
0,2mL de líquido sinovial.
Fenilalanina, pesquisa na urina
Comentários
A Fenilcetonúria (PKU) é uma doença autossômica recessiva resultante de deficiência da enzima fenilalanina hidroxilase que normalmente converte a fenilalanina em tirosina. Resultados falso-positivos podem ocorrer com a contaminação da amostra com fezes. A pesquisa é um teste de triagem, sendo que a quantificação da fenilalanina em soro e urina pode ser realizada através da cromatografia de aminoácidos quantitativa.
Veja também Triagem urinária mínima dos erros inatos do metabolismo.
Método
Colorimétrico
Condição
Urina (jato médio da 1a urina da manhã).
FAN – Pesquisa de auto-anticorpos
Comentários
A pesquisa de auto-anticorpos contra antígenos nucleares, nucleolares, do aparelho mitótico e citoplasmáticos é realizada em duas etapas: uma etapa de triagem, realizada por imunofluorescência indireta utilizando como substratos células HEp-2 e, se o teste de triagem for positivo, uma etapa confirmatória, com a pesquisa dos auto-anticorpos específicos, orientada pelo padrão de fluorescência celular e pela hipótese diagnóstica da doença em questão. Existem várias doenças associadas a FAN-HEp-2 positivo. Em algumas doenças, um teste de FAN positivo é considerado muito útil para o diagnóstico (lúpus eritematoso sistêmico, esclerodermia), em outras é considerado útil para o diagnóstico (síndrome de Sjögren, polimiosite), condição fundamental do critério diagnóstico (hepatite auto-imune, doença mistas do tecido conjuntivo) ou é um fator prognóstico (artrite reumatóide juvenil, fenômeno de Raynaud). Em muitas doenças um FAN positivo não tem utilidade diagnóstica (artrite reumatóide, fibromialgia, doenças da tireóide).
Resultados positivos de FAN-HEp-2 no título de 1:80 podem ser encontrados em até 6 -13% da população normal e numa proporção ainda maior de parentes de primeiro grau de pacientes com doença auto-imune. Reações positivas podem ocorrer durante uso de vários medicamentos (hidralazina, carbamazepina, hidantoína, procainamida, isoniazida, metildopa) e em pacientes com neoplasias. Elevações transitórias do FAN podem ocorrer em pacientes com infecções virais. Cerca de 99% dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico não tratado têm FAN positivo.
Reações negativas podem ocorrer na presença de anticorpos contra os antígenos SSA/Ro, Jo-1, ribossomal P e durante o uso de corticóide ou outra terapia imunossupressora. Um teste positivo para FAN-HEp-2 isolado não é diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico (LES), sendo necessário observar os demais critérios diagnósticos. Não existe relação entre os títulos de FAN e a atividade da doença Deve-se ressaltar a possibilidade de variações dos títulos do FAN-HEp-2 quando realizado em laboratórios ou dias diferentes. Pelo fato de ser um teste com alta sensibilidade, baixa especificidade e baixo valor preditivo positivo, os resultados positivos devem ser analisados de acordo com o contexto clínico do paciente, o título e o padrão de fluorescência celular.
O 3° Consenso Brasileiro para a Pesquisa de Auto-anticorpos (FAN HEp-2) fornece orientações importantes quanto à interpretação dos padrões, indicando os auto-anticorpos associados e as principais relevâncias clínicas de cada padrão. São definidos cinco grupos de padrão, os quais são caracterizados: 1-pela observação da célula em intérfase e definição da região celular fluorescente (núcleo, nucléolo, citoplasma, aparelho mitótico ou misto), 2-classificação da placa cromossômica em positiva ou negativa, e 3- caracterização do tipo de fluorescência (análise do aspecto da fluorescência associado ao local que esta ocupa na célula). A soma de todas essas informações define o padrão, e forma a base para a construção dos laudos descritivos e das árvores de classificação de cada padrão.
Método
Imunofluorescência indireta – Substrato: células HEp2
Obs.: A pesquisa de anticorpos em líquidos corporais deve ser realizada em paralelo com o soro, devido a possibilidade de contaminação do material durante a punção.
Condição
0,2mL de soro – líquor – líquido sinovial – líquido pleural – líquido ascítico – líquido pericárdico.
Jejum Obrigatório. 8h.
Estrona – E1
Comentários
A estrona (E1) é o estrógeno mais potente que o estriol porém menos potente que o estradiol. É o principal estrógeno circulante após a menopausa. A maior parte da E1 está conjugada sob a forma de sulfato. A estrona é muito utilizada para avaliação do hipogonadismo, avaliação da puberdade precoce (completa ou parcial) e para diagnóstico de tumores feminilizantes e acompanhamento de reposição hormonal na menopausa, em alguns casos.
Veja também Estriol e Estradiol.
Método
Radioimunoensaio
Condição
0,5mL de soro.
Jejum Desejável 4h.
Informações necessárias
Informar medicamentos em uso.
Estriol livre
Comentários
O estriol é o estrogenio mais importante da gravidez, representando mais de 90% do estrogeno nas mulheres grávidas. O estriol livre ou não conjugado é sintetizado basicamente pela unidade feto”placentaria, sendo indicador sensível da saúde fetal. Valores isolados são de difícil interpretaçãoo e têm baixo poder preditivo na avaliação de risco fetal, sendo mais importante as medidas seriadas, e em conjunto a alfafetoproteina (AFP) e gonadotrofina coriônica (hCG), como nos testes de avaliação do risco fetal integrado e triplo.
Veja também Estradiol, Estrona e Risco fetal.
Método
Imunofluorimetria
SANGUE
Condição
0,5mL de soro.
Jejum Desejável 4h.
Estreptozima
Comentários
O teste da estreptozima (STZ) é uma reação rápida de hemoaglutinação que detecta a presença de anticorpos contra diversos produtos extracelulares do estreptococos: streptolisina O, estreptoquinase, hialuronidase, DNase e NADase. Tem maior utilidade em pacientes com suspeita de seqüelas da infecção estreptocócica. Determinações repetidas apresentam maior significado do que uma dosagem isolada. Pode”se encontrar resultados de AEO positivos acompanhados de STZ negativa. Títulos elevam”se uma semana após infecção aguda e podem permanecer por até 12 meses.
Veja também Antiestreptolisina “O”.
Condição
0,3mL de soro ou plasma (EDTA).
Jejum Obrigatório 8h.