Atividade física e perda de peso: aliadas no controle da diabetes

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Atividade física e perda de peso: aliadas no controle da diabetes

A diabetes é uma doença crônica e possui, apenas no Brasil, 13 milhões de pessoas diagnosticadas. Se considerarmos apenas a faixa de 60 anos, a percentagem engloba 35% da população brasileira, conforme estimativa da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Além disso, a doença é a maior causa de cegueira, insuficiência renal e problemas cardiovasculares.

A maioria dos casos está concentrada no Sudeste do país, segundo dados do Ministério da Saúde. Além disso, o órgão aponta que a diabetes foi associada à morte de mais de 50 mil pessoas no Brasil somente em 2012. No mesmo ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) mostrou as estatísticas de 194 países pela primeira vez, apontando a prevalência média da doença no mundo em 10% da população.

De acordo com pesquisa realizada este ano pela SBD com quase 700 pessoas em São Paulo e Rio de Janeiro, divididas em três grupos: população em geral, diabéticos e pré-diabéticos e profissionais de saúde – embora 62% dos entrevistados apresentassem pelo menos um fator de risco, apenas três entre 10 já tinham ouvido falar do pré-diabetes. O levantamento mostrou ainda carência de informações em relação à prevenção e controle da doença. Mais de 40% dos diabéticos disseram estar pouco alerta sobre os efeitos de práticas simples, como controle de peso, atividade física e alimentação saudável.

A conscientização, no entanto, é a principal arma para minimizar os riscos à saúde. Para o diretor da SBD e professor de Endocrinologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, João Eduardo Nunes Salles, a primeira noção errada é achar que a doença é benigna. O segundo ponto equivocado é entender que não tem a ver com o estilo de vida. Outro engano é atribuir ao doce a culpa pelo diagnóstico que, na verdade, pode estar relacionado a qualquer alimento que faça ganhar peso.

“Tudo dependerá da maneira como a pessoa se comporta e como trata seu organismo. É isso que determinará o controle do diabetes ao longo dos anos. Mesmo com o uso de medicamento, o tratamento vai além. É preciso permitir uma mudança significativa no estilo de vida”, afirma. Para tanto, aderir ao processo educacional requer disciplina, aderência e força de vontade.

Brasil terá 3º maior número de diabéticos em 2030

Até 2030, segundo Salles, o Brasil será o terceiro país com o maior número de diabéticos no mundo. “Costumo dizer que esta é a doença das metades. De todo mundo que tem diabetes, metade não sabe. Da metade que sabe, metade não está tratando. Da metade que está tratando, metade está mal compensada. E da metade que está mal compensada, metade vai ter complicação”, ressalta.

Em contrapartida, a presidente do Departamento de Endocrinologia e Metabologia da Associação Paulista de Medicina (APM), Ângela Maria Spinola e Castro, explica que o nível de compreensão do diabetes pode estar relacionado, muitas vezes, com a instrução dos pacientes. Neste caso, o processo educacional é fundamental e é uma das coisas iniciais e obrigatórias durante o atendimento médico.

“Esta é, inclusive, a proposta do Comitê Técnico da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, criado este ano e que estabeleceu normas para a liberação da insulina e de medicamentos de alto custo para os diabéticos. A medida ajudará no controle da doença. O grupo pretende, ainda, investir em projetos educacionais, com a finalidade de melhorar não só a aderência ao medicamento, como também ao tratamento”, acrescenta.

De acordo com a médica, não adianta tomar remédio se você não cuidar da alimentação, perder peso e praticar exercícios. “O paciente pode ser exaustivamente orientado e não ser aderente ao tratamento”, reforça.

Embora a pesquisa da SBD tenha demonstrado falta de conhecimento sobre a doença, Ângela frisa que nem sempre o orientado é feito pelos diabéticos. Muitos, especialmente do tipo 2, não têm sintomatologia intensa. “Acreditam estar bem e deixam de cumprir uma série de cuidados necessários. Estas pessoas não fazem o teste da ponta de dedo e não se cuidam. Todos têm condições de fazer suas punções para verificar o controle glicêmico. O que não pode ocorrer é parar com a medicação. É necessário controlar a doença, sempre respeitando os limites de uma alimentação saudável e, claro, do tratamento”.

Já para quem tem o diabetes tipo 1 é comum apresentar sintomas como urinar bastante, beber muita água e ficar com a boca seca, o que, mesmo assim, não tem sido sufi ciente para convencer a sociedade da importância dos devidos cuidados. “Costumo dizer que toda doença crônica carrega a aderência como palavra mágica. Difícil mesmo é conscientizar a população”, finaliza.

Fonte: Revista da APM. 

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