Tirosina, pesquisa na urina

Comentários

Os distúrbios do metabolismo da tirosina devem-se a anormalidades hereditárias ou adquiridas. Na tirosinemia, anormalidade hereditária, as enzimas metabólicas da tirosina não são produzidas levando a evoluções graves geralmente fatais com envolvimento hepático, renal e com aminoacidúria generalizada. As anomalias adquiridas podem evoluir de forma transitória, como nos prematuros, sendo causada pela imaturidade das funções hepáticas e raramente causam lesão permanente.

Veja também Triagem urinária mínima dos erros inatos do metabolismo.

Método

Colorimétrico

Condição

30mL de urina recente (jato médio da 1a urina da manhã).

Enviar rapidamente ao laboratório.

Toxocara, anticorpos IgG anti

Comentários

O Toxocara canis é um nematódeo com ciclo semelhante ao Ascaris lumbricoides. Apresenta incidência de 3,6% no Brasil, e sua infecção pode ser assintomática ou manifestar-se com forma visceral (larva migrans visceral) ou forma ocular. A forma visceral acomete principalmente crianças manifestando-se com febre, hepatomegalia, eosinofilia, hipergamaglobulinemia. Na forma ocular há diminuição da acuidade visual, dor ocular e estrabismo, com exame fundoscópico podendo evidenciar uveíte, endoftalmite e catarata, sendo diagnóstico diferencial de retinoblastoma.

Muitos pacientes com formas oculares podem apresentar títulos baixos ou ausentes na sorologia. A sorologia apresenta sensibilidade de 78% para formas viscerais e 73% para a forma ocular. Deve-se ressaltar a que presença de anticorpos detectáveis não significa necessariamente infecção ativa. Reações falso-positivas podem ocorrer em indivíduos com ascaridíase, esquistossomose e filariose.

Método

Imunoensaio enzimático

Condição

0,3mL de soro.

Jejum obrigatório de. 8h.

Toxoplasmose, anticorpos IgM, IgA, IgG e IgG avidez

Comentários

A sorologia para toxoplasmose é o método mais utilizado no diagnóstico, entretanto, não existe nenhum teste, que de forma única, suporte ou afaste o diagnóstico de infecção recente ou tardia. Assim, a análise do resultado deve ser cautelosa:

Interpretação dos anticorpos na toxoplasmose
Anticorpos: IgG
Evolução: Surgem em 1 a 2 semanas; pico em 1 a 2 meses; caem variavelmente, podendo persistir por toda vida. Valores elevados com IgM negativo não significam maior probabilidade de infecção recente.

Anticorpos: IgM
Evolução: Surgem em 5 dias, diminuindo em poucas semanas ou meses. Podem persistir por até 18 meses, não significando necessariamente infecção recente. Um resultado de IgM negativo ou positivo na gravidez não diagnostica ou afasta infecção aguda, sendo necessário complementação diagnóstica. Não ultrapassa a placenta, sendo útil no diagnóstico da infecção congênita em recém-nascido.

Anticorpos: IgA
Evolução: Detectados em infecções agudas e na doença congênita. Podem persistir por meses, até mais de 1 ano. Maior sensibilidade que IgM na infecção congênita.

Teste de hemaglutinação: útil para indicar prevalência, mas não para o diagnóstico de infecção neonatal ou quadro recente em gestante, devido a possibilidade de falso-positivos e ao fato de não diferenciar entre IgM e IgG.
Detecta anticorpos mais tardiamente que a imunofluorescência e que os testes imunoenzimáticos.

Teste de imunofluorescência indireta (IFI) IgM: detecta IgM nas primeiras semanas, desaparecendo em meses. Títulos baixos podem persistir por mais de um ano em 20% dos casos. Falso-positivos para fator reumatóide
e fator anti-nuclear podem ocorrer. Devido a possibilidade de resultados falso-positivos (7%) é aconselhável a repetição da sorologia em 3 semanas e a sua confirmação com um outro método mais específico, como ELFA.

Teste de imunofluorescência indireta (IFI) IgG: título começa a subir entre 4 e 7 dias após IgM. Pico em 8 semanas e início de queda no sexto mês, sendo que títulos baixos podem persistir por anos. Podem ocorrer falso-positivos para fator anti-nuclear e falso-negativos para títulos baixos de IgG.

Imunoensaio enzimático IgA:. detectada na infecção recente, permanecendo elevada por no mínimo 26 semanas. Não atravessa a placenta e não é absorvida pelo leite materno, tendo, pois, utilidade no diagnóstico de toxoplasmose congênita. Apresenta sensibilidade de 83,3% e especificidade de 94% em crianças com toxoplasmose congênita durante os doze primeiros meses de vida. No primeiro mês de vida, a combinação de IgA e IgM melhora o desempenho dos ensaios em relação aos mesmos de forma isolada.

Quimioluminescência IgM: trata-se de método totalmente automatizado, preciso, rápido e de alta reprodutibilidade. Apresenta especificidade de 98% e sensibilidade de 95%. Por tratar-se de método sensível pode permanecer detectável até dois anos após a infecção aguda, um único resultado positivo não pode ser considerado patognomônico de toxoplasmose recente. Orienta-se que resultados positivos devam ser confirmados por uma forma alternativa de ensaio, como ELFA, e coleta de nova amostra após 3 semanas.

Quimioluminescência IgG: esse método apresenta alta especificidade e sensibilidade. Independente do nível
de anticorpos, não pode predizer se a infecção é recente ou tardia. Alto índice de positividade na população
brasileira adulta.

Enzyme Linked Fluorescent Assay (ELFA) IgM – captura: método automatizado, de grande reprodutibilidade, que elimina as interferências do fator reumatóide. Devido a sua alta sensibilidade, pode detectar níveis baixos de anticorpos por longos períodos após fase aguda (18 meses). Útil para confirmação de IgM positivos em outros
ensaios. Apresenta sensibilidade de 100% e especificidade de 98,6%. Em pacientes imunocomprometidos resultado negativo desse teste não exclui o diagnóstico de toxoplasmose.

Enzyme Linked Fluorescent Assay (ELFA) IgG: títulos altos não predizem, de forma isolada, infecção recente. Apresenta sensibilidade de 98,1% e especificidade próxima a 100%.

Teste de avidez IgG: na fase aguda anticorpos IgG ligam-se fracamente ao antígeno (baixa avidez). Na fase crônica (> 4 meses) tem-se elevada avidez. É indicado para mulheres grávidas, principalmente no primeiro trimestre, que apresentam IgG e IgM positivos. A detecção de anticorpos de alta avidez em pacientes com IgM positivo indica infecção adquirida há mais de 4 meses. Tratamento anti-parasitário pode manter a baixa avidez por mais de 4 meses. Estudo em amostra brasileira evidenciou ser o teste de IgG avidez o melhor marcador de infecção aguda em pacientes com IgM positivo.

Informações necessárias
Gravidez, se teve contato com algum animal doméstico (gato, papagaio), se este exame já foi realizado anteriormente.
Veja também PCR para Toxoplasmose.

HEMOAGLUTINAÇÃO INDIRETA
Condição
0,3mL de soro.
Jejum obrigatório de 8h

IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA IgG e IgM
Condição
0,5mL de soro para cada – líquor.
Jejum obrigatório de 8h
Obs: O teste imunológico no líquor deve ser realizado em paralelo com o soro, devido a possibilidade de contaminação do material durante a punção.
QUIMIOLUMINESCÊNCIA IgG

QUIMIOLUMINESCÊNCIA IgM
Condição
0,5mL de soro ou plasma (EDTA/citrato/heparina).
Jejum obrigatório de. 8h

IMUNOENSAIO ENZIMÁTICO IgA
Condição
0,5mL de soro
Jejum obrigatório de 8h.

ELFA – ENZYME LINKED FLUORESCENT ASSAY – IgG e IgM
Condição
0,5mL de soro para cada.
Jejum.obrigatório de 8h.

TESTE DE AVIDEZ IgG
Método
Quimioluminiscência

Condição
1,0mL de soro.
Jejum obrigatório de 8h.

TPO – Microssomal, anticorpos anti

Comentários

A peroxidase tireoidiana (TPO), uma enzima que catalisa as etapas de iodinação e acoplamento da biossíntese do hormônio tireoidiano, é agora conhecida como o principal antígeno microssomal. O principal uso deste exame é a confirmação do diagnóstico de doença auto-imune da tireóide. O anticorpo anti-TPO tem sido utilizado no lugar da determinação do anticorpo antimicrossomal. Anticorpos anti-TPO podem ser detectados em pessoas sem doença tireoidiana significativa. Eles não definem o status funcional tireoidiano do paciente.

Método

Quimioluminescência

Condição

0,6mL de soro

Jejum desejável de 4h

TRAb – Anticorpo inibidor da ligação de TSH endógeno

Comentários

O TRAb é um anticorpo anti-receptor de TSH e a sua presença em concentrações significativas no soro indica doença autoimune em atividade. É útil no diagnóstico de hipertireoidismo e na avaliação de recidiva da Doença de Graves, uma vez que seus níveis diminuem com o uso de drogas antitireoidianas. Assim, a ausência de TRAb após o tratamento para hipertireoidismo, diminui a tendência de recidiva da doença. Esses anticorpos podem estar presentes, também, em alguns casos de tireoidite de Hashimoto, tireoidite subaguda, tireoidite silenciosa, e em recém-nascido de mãe portadora de Doença de Graves, devido à transferência feto-lacentária destes anticorpos.

Método

Radioimunoensaio (Radioreceptor)

Condição

0,5mL de soro.

Jejum desejável de 4h

Informações necessárias

Informar medicamentos em uso ou usados recentemente, inclusive fórmulas para emagrecer. Se mulher, informar se está grávida ou se usa anticoncepcional.

Transaminase oxalacética – TGO

Comentários

Utilizado juntamente com a TGP nas doenças hepáticas e musculares. A TGO (AST) é também encontrada no músculo esquelético, rins, cérebro, pulmões, pâncreas, baço e leucócitos. Valores elevados ocorrem na ingestão alcoólica, cirrose, deficiência de piridoxina, hepatites virais, hemocromatoses, colescistite, colestase, anemias hemolíticas, hipotireoidismo, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doenças musculoesqueléticas, nas esteatoses e hepatites não alcoólicas. Na hepatite alcoólica os valores de TGO são, em geral, inferiores a 250 U/L, sendo, entretanto, superiores às elevações da TGP. Várias drogas e hemólise da amostra podem causar aumento espúrio da TGO.

Método

Enzimático

Condição

0,8mL de soro.

Transaminase pirúvica – TGP

Comentários

A transaminase TGP localiza-se principalmente no fígado. A TGP é mais sensível que a TGO na detecção de injúria do hepatócito. Valores elevados são encontrados no etilismo, hepatites virais, hepatites não alcoólicas, cirrose, colestase, hemocromatose, anemias hemolíticas, hipotireoidismo, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doenças musculoesqueléticas, Doença de Wilson e na deficiência de alfa-1-tripsina. Os níveis de TGP são superiores à TGO nas hepatites e esteatoses não alcoólicas. Várias drogas e hemólise da amostra podem causar aumento espúrio da TGO.

Método

Enzimático

Condição

0,8mL de soro

Transglutaminase tecidual, anticorpos IgA – anti-tTG

Comentários

Teste útil para diagnóstico e monitorização do tratamento da Doença Celíaca (DC) e da Dermatite Herpetiforme. A transglutaminase tecidual é o auto-antígeno detectado pelos anticorpos anti-endomísio. Anticorpos anti-tTG apresentam sensibilidade (95% a 98%) superior aos anticorpos anti-endomísio, mas especificidade menor. O padrão ouro para diagnóstico de DC é a biópsia intestinal.

Método

Imunoensaio enzimático

Condição

1,0mL de soro.

Jejum obrigatório de 8h.

Treponema pallidum, pesquisa

Comentário

O Treponema pallidum é uma espiroqueta que não é visualizada à microscopia convencional. A microscopia em campo escuro é indicada na avaliação do cancro (lesão sifilítica primária) e da sífilis secundária (condiloma lata).

Deve-se lembrar que o valor da pesquisa é menor em lesões orais e retais devido à presença de outras espiroquetas não patogênicas nestes sítios. A pesquisa em campo escuro encontra-se positiva antes da sorologia para sífilis tornar-se reativa.

Método

Microscopia em campo escuro.

Condição

Exsudato da lesão.

Preferencialmente, não estar em uso de antimicrobianos.

Triagem urinária mínima para erros inatos do metabolismo

Comentários

A triagem urinária mínima para erros inatos do metabolismo é composta de um conjunto de determinações qualitativas na urina e pela cromatografia quantitativa de aminoácidos, incluindo:

REAÇÃO DE ERLICH
Utilizada para triagem das porfirias. Permite a detecção de porfobilinogênio e ALA, sendo seguida da prova de Watson-Schwartz para diferenciação entre a presença de urobilinogênio e porfobilinogênio.

REAÇÃO DO BROMETO DE CETILTRIMETILAMÔNIO (CTMA)
Utilizada para triagem das mucopolissacaridoses. Reações positivas também ocorrem na síndrome de Marfan, mastocitose, artrite reumatóide, cretinismo, carcinomatose, na presença de substâncias redutoras ou de alteração do padrão de excreção de aminoácidos na urina.

REAÇÃO DO AZUL DE TOLUIDINA
Utilizada para triagem das mucopolissacaridoses. Reações falso-positivas podem ocorrer em neonatos na primeira semana de vida e em crianças diabéticas. Reações falso-negativas podem ocorrer quando a urina está muito diluída. O teste do azul de toluidina parece ser pouco mais sensível que o CTMA. A associação do azul de toluidina com o CTMA melhora o desempenho da triagem. Também pode ser positiva na mastocitose, artrite reumatóide, síndrome de Marfan.

REAÇÃO DA DINITROFENILHIDRA-ZINA (DNFH)
Utilizada para triagem de diversos erros inatos que se associam a uma excreção muita elevada de cetoácidos. É positiva na fenilcetonúria, doença do xarope de dordo, tirosinose, histidinemia, má-absorção de metionina, hiperglicinemia, glicogenoses I, III, V e VI, acidose láctica, acidose pirúvica, acidemia isovalérica, acidemia propiônica e acidemia metilmalônica. Reações positivas também podem ocorrer em pacientes com glicosúria e cetonúria. É geralmente positiva nos primeiros dias de vida por excreção fisiologicamente aumentada de ácido pirúvico, acetoacético e beta-cetoglutárico. A administração de doses elevadas de ampicilina interfere na reação de DNPH.

REAÇÃO DO CIANETO-NITROPRUSSIATO
Utilizada para a triagem da cistinúria e homocistinúria. Permite a pesquisa na urina de aminoácidos com grupo sulfidrila livre ou união dissulfeto. Reações falso-positivas podem ocorrer na presença de cetonas.

REAÇÃO DO NITROPRUSSIATO DE PRATA
Utilizada para diferenciação entre cistinúria e homocistinúria, sendo a reação positiva apenas na última condição. Na alcaptonúria pode ocorrer reação positiva

REAÇÃO DO NITROSONAFTOL
Utilizada para triagem de transtornos do metabolismo da tirosina. É positiva na tirosinose, tirosinemias hereditárias e tirosinemia transitória. Também pode ser positiva na frutosemia, galactosemia e doença hepática grave de qualquer etiologia.

REAÇÃO DO CLORETO FÉRRICO
Neste caso os íons férricos reagem com diversos compostos gerando cores distintas. A reação detecta fenilcetonúria, histidinemia, tirosinemai, hiperglicinemia, doença do xarope de bordo, má-absorção de metionina, ácido alfa-cetobutírico, ácido alfa-cetoisovalérico, ácido alfa-cetoisocapróico, ácido alfa-cetometil valérico, acidose lática, acidemia pirúvica, desordens da piridoxina, ácido homogentísico, ácido acetoacético, bilirrubina conjugada, melanina, salicilatos, fenotiazinas, fenóis e ácido vanílico.

REAÇÃO DE BENEDICT
Detecta substâncias redutoras na urina. Reações positivas decorrem da presença de glicose (diabete melito, glicosúria renal, distrofia tubular renal, síndrome de Fanconi, cistinose, síndrome de Lowe, raquitismo resistente a vitamina D, doença de Wilson); frutose (frutosemia, deficiência de aldolase, frutosúria essencial, intolerância à frutose hereditária); galactose (galactosemia e variantes, deficiência de galactoquinase); lactose (deficiência de lactase, congênita ou adquirida, neonatos); lactulose (neonatos); xilose (pentosúria, ingestão excessiva de frutas); ácido homogentísico (alcaptonúria); fenóis (fenilcetonúria, tirosinose, deficiência transitória de tirosina transaminase); drogas (ácido ascórbico, hidrato de cloral, sulfonamidas, tetraciclina e clorafenicol).

REAÇÃO DA P-NITROANILINA
Utilizada para detectar o ácido metilmalônico na urina (acidúria metilmalônica).

Método

Testes qualitativos e cromatografia quantitativa de aminoácidos.

Cromatografia quantitativa de aminoácidos: padrão normal.

Condição

30mL de urina recente, preferencialmente matinal.

Não acrescentar conservantes na urina.

Informar quadro clínico e medicação em uso.

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